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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Recordar é viver... um pesadelo.


Apesar do meu longo silêncio, tenho estado atento ao fenómeno bloguista nacional. Noto que, apesar da euforia inicial e da rápida proliferação desse mal chamado "livre opinião", muitos destes espaços têm vindo a silenciar-se. Outros houve que se especializaram de acordo com as áreas mais dominadas pelos seus autores. Uns em literatura, outros em política, outros ainda em música.
Convencido de que a sobrevivência dos blogues pode depender da escolha objectiva da sua área de intervenção, decidi passar a debruçar-me apenas sobre os assuntos que melhor domino. Por isso, de hoje em diante, o Ondulados, será um espaço dedicado a falar sobre tudo. Não apenas sobre tudo, mas ainda sobre alguns assuntos adicionais e periféricos, nomeadamente, o nada.
Ser analista de tudo, não é fácil. E com tanta coisa a acontecer em simultâneo, a dificuldade em escolher temas, facilmente conduz à preguiça. No entanto, o próprio acto de devolver a vida aos Ondulados, sugere a sensação de acordar um monstro. E acordar monstros lembra-me esta moda dos revivalismos.

Há muita coisa que aceito bem nisto dos revivalismos. Aceito perfeitamente as mini-saias e tolero serenamente as camisolas iguais às que as nossas mães tricotavam no início da década de 80. Venham de lá as bocas de sino e os papéis de parede, que a mim fazem-me tanta diferença como as flores no papel higiénico.

A coisa piora é quando a nostalgia chega à música. Por exemplo: o Variações tinha piada no tempo dele. Agora, ir ao baú, sacar as ideias que nem mesmo ele - que era tão tolinho - teve coragem de lançar e obrigar-nos a levar com letras cujos temas já eram bacôcos há 25 anos, é abusar da sorte...
Querem revivalismos? Façam Bombocas e recuperem o País dos Rodinhas. Ressuscitem os chupas Camelo, os Traga-Bolas e o Pulgas na Cama, mas deixem aquela alma barbuda descansar.

Há ainda um outro problema nisto das nostalgias forçadas. Reparem no caso da moda: começaram por recuperar a roupa ao estilo dos anos 60, depois 70, a seguir os ridículos mas ainda frescos 80. E daqui para a frente? Como é que vai ser? É que eu ainda sou capaz de ter algumas peças de roupa adquiridas nos anos 90. Deverei comprar umas a imitá-las ou posso usar as originais?

O revivalismo tende a tornar-se uma pescadinha-de-rabo-na-boca. Quando damos por nós, estamos a recuperar coisas das quais ainda nem tivemos tempo de sentir saudades. Um bocado como a TVI faz com as edições dos reality-shows. Já para não falar no pequenito Saúl. Eu pergunto quem é que tem saudades daquele erro genético, que mais se assemelha a um Quim Barreiros em porta-chaves? Quem sente falta de olhar para aquelas mandíbulas incompletas? Para tornar a imagem ainda mais insuportável, o fedelho com voz de cabrito evoluiu, como seria de prever, para um grunho musculado de camisola sem mangas e cabelo oxigenado, dedicado de corpo e alma à dance music.

O lado bom de tudo isto é que, tanto na música, como na moda, podemos ignorar o que não nos interessa e aderir apenas àquilo de que gostamos.

O pior é quando o revivalismo atinge a vida política do país. É mais grave, mas o resultado é tão patético como o da música. De qual destas duas caras sentem vocês mais saudades?



Numa segunda volta entre estes dois, não sei... Mas todos sabemos que só um tem esperança de vida suficiente para cumprir qualquer promessa eleitoral. A parte mais aborrecida seria ver o carro da Presidência da República rebaixado e com néons...

Tendo em conta a erosão que denota actualmente a capacidade de raciocínio de Soares, perder a eleição de Domingo é tão ou mais positivo para ele, do que seria uma actuação no Royal Albert Hall para o bardo do "Bacalhau quer alho" . (Uma imagem estapafúrdia, é certo, Mas se fosse o Olimpya estou certo que o ganapo enchia com uma perna às costas. É que não sei se já alguém se deu conta, mas para um qualquer artista português, é fácil encher o Olimpya. Porque na realidade aquilo não é uma magnífica sala de espectáculos de Paris. É antes o teatro velho para onde eles atiram a malta que mora nos guettos portugueses. Cada vez que por lá aparece um cartaz a anunciar mais um saloio lusitano, lá vem mais um imponente desfile de chinelos em direcção à bilheteira.)

Voltando ao Mário, acho até um pouco estranho que ele tente voltar à vida política activa. Tendo em conta o jeito que ele tem para o poder, é um pouco como um criminoso voltar ao local do crime.

Por falar em crimes e ainda no âmbito dos revivalismos, faço uma pergunta: Será que o Júlio Isidro se prepara para fugir do país? É que depois de sair um disco que recorda aos portugueses, que foi esta criação defeituosa da oficina de Gepeto quem trouxe à ribalta nomes como Vitorino, UHF e Lena d’Água, o mundo é pequeno para ele se esconder. Mais vale deixar crescer a barba e cobrir-se de lençóis. Assim, quando o público enfurecido o encontrar escondido e amedrontado a tentar salvar a vida dele, gritando "Vais morrer, porco!!!", vão rapidamente acalmar-se dizendo: "Ah, não é ele. É o Bin Laden. ‘bora ver na rua ao lado!!!"
Postas-[ postas.]
Comments:
Até que enfim de volta!
Corrosivamente em grande!
Seja bem-acordado e continue vivo, a blogoesfera precisa de excepções à regra, mesmo que em segredo seja obrigada a confessar que gosto cantor-cabeleireiro...
 
Não haverá como obrigar o blogger a fazer um "linguado", ao menos uma vez por semana?

É que, de outra forma, morre-se de pasmaceira neste país de incompetência!

Não fora as 333 medidas do Sócrates e já tinhamos fechado para férias!!!

Abraço.
 
venho aqui cada vez menos...
vinha mais... que isto não se vive só de poesia...
mas o senhor deixou de postar um ar da sua graça...
e assim também isto perde a graça...
(tantas reticências, já estou míope!)
falta de tempo para estas prioridades? pois, também eu, mas faço um esforço, que a alma morre se não é posta à prova.
espero tê-lo cá em breve
um abraço
 
Caros e fiéis seguidores,

Como sabéis, os Ondulados são uma espécie de sociedade secreta, daí silenciosa, que espera o momento certo para tomar conta de uma multidão amorfa e acéfala, que clama por quem a domine.
Como é evidente, este exercício exige sentido de oportunidade e eloquência. Não se domina com palmadinhas, mas sim com tareões certeiros e vigorosos.
Por isso, este modesto dono dos vossos destinos, aguarda sempre as palavras certas.

Um novo post está na calha há já algum tempo mas, na realidade, tem-me faltado o tempo.
Se andarem atentos, já perceberam que tenho tido problemas com algumas das minhas invenções, nomeadamente, a Merche Romero que está precisar de fusíveis. Não fosse ter inventado a Scarlett Johansson e isto era só desgostos.

Prazo máximo para novo post: 15 dias. Prazo mínimo: 15 minutos.

Andem atentos que é vossa obrigação.

Ponderadamente,
O Criador
 
bem haja!, mais a sua arrogância.
a espera pela oportunidade certa, ainda entendo, mas a falta de tempo cheira-me a desculpa fácil... esfarrapada, desgastada... sabeis melhor que isso, senhor. mas feliz fico, por vos saber ainda vivo e não padecido.
"Co estes teus pés me abraço, que não fujo.
Aqui me tens segura."
António Ferreira
 
Caro criador

Finalmente deu um sinal de que ainda existe.
Só faltou o remate final no post quem tanto o caracteriza... do género... "...mente, O Criador"

P.S. o prazo para novo post acabou... eo criador não pode faltar ao prometido.
 
Fico com pena que o criador não tenha escrito mais...
 
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