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quarta-feira, abril 28, 2004

Um ídolo em Belém.

É difícil não reparar que, hoje em dia, sempre que é preciso escolher um português seja para o que for, faz-se um reality-show ao género "Ídolos". Foi assim para o Festival da Canção, é assim para escolher jogadores de futebol e agora até para eleger a Miss Portugal.

Neste último caso, é grave por duas razões:

Em primeiro porque nos obriga a ver um verdadeiro desfile de badejos mal vestidos e em segundo porque obriga jovens com algum potencial (para secretárias de executivo e similares) a ouvir os desaforos de 4 pessoas claramente desavindas com a vida.

O primeiro de todos, um grosseirão tripeiro e careta, que mesmo quando sóbrio não diz a bota com a perdigota e ri como quem se entalou com uma garfada de arroz de pato.

A seu lado, uma pseudo-elitista de cabeça amarelo-torrado, feia, amarrecada, pedante e de feições dignas de inspirar o criador dos "Amigos de Gaspar".

A seguir a esta, uma outra senhora, mas empalhada. Ou então não mexe o pescoço para não estalar a pele com a secreta esperança de que, num volt face inesperado, acabe por ser ela a eleita.

Por último, um batráquio balofo, com figura de quem cheira mal, com uma indumentária que um taxista recusaria e um polimento semelhante ao de um touro ribatejano que procura vingança duma estocada de ferro curto. Um homem que, nitidamente, passou a sua juventude a ver os amigos levar a melhor com as miúdas e cuja relação amorosa mais intensa foi com uma revista importada.

Mas voltando ao raciocínio inicial, é notável reparar como 4 grosseirões são o quanto baste para determinar a forma como Portugal é representado no estrangeiro... E isto trouxe O Criador a uma ideia pioneira e de sucesso assegurado para um programa da TV do estado:

ÍDOLOS DA NAÇÃO

Com um conceito em tudo semelhante aos demais programas, mas com o objectivo de eleger o novo Presidente da República.

Os 4 elementos do júri seriam:

1º - Cláudio Ramos - O 6º SENTIDO. Para avaliar a elegância e a forma de estar entre os VIP’s. Aspecto determinante para quem convive com as mais proeminentes figuras mundiais

2º - General Ramalho Eanes - O TÉCNICO. Avaliará critérios incontornáveis como o sentido de estado, a capacidade de veto, a colocação de voz e a verticalidade intelectual e física.

3º - Luísa Castelo Branco - O BRONCO. Tem a função, sempre importante neste tipo de programa, de levar os concorrentes à loucura, com comentários arruaceiros e gratuitos.

4º - Miguel Sousa Tavares - O ARTILHEIRO. Um pouco à semelhança do anafado das Miss’s tem como função fazer cara de nojo e correr da sala com aqueles que se recusam a comer e calar.

Escolhido que está o júri, explico a mecânica do concurso. Cada concorrente terá de fazer 4 pequenas provas: Rasgar o cartão de militante do respectivo partido, escolher uma Primeira-Dama de entre alguns modelos disponíveis, cumprimentar e saudar correctamente um homólogo e proferir um pequeno discurso dirigido à nação.

Claras que estão as regras, que entrem os concorrentes:

1º Concorrente

MST: Como é que te chamas?
Concorrente: Rosas Senhor. Fernando Rosas.
LCB: Olha lá, pá! E tu vens para aqui bêbado?
Concorrente: Não, é que eu sou alérgico ao pó
RE: Se o menino não sabe caminhar em modos, não tem condições para passar revistas às tropas não é? E sabe que isso é importante. Além do mais, falou do 25 de Abril sem referir o 25 de Novembro. Por mim não passa.
CR: Olha, eu até gosto de ti, porque és cheínho e fofinho, mas tens a pele muito estragada, sabes? Tem paciência...
MST: Oh balofo, já percebeste não já? Põe-te lá andar daqui para fora antes que te dê um chuto no cú. E ninguém chamado Rosas vai governar o meu país!


2º Concorrente

MST: Diz lá o teu nome e donde vens, puto!
Concorrente: Paulo Portas e venho de Lisboa.
MST: Para já sabes bem que já não és propriamente português, não é? E depois andas muito penteadinho e alinhadinho para o meu gosto. Não tens o mínimo perfil.
RE: Bom, eu tenho de admitir que gostei da tua postura e admirei o apelo às armas que fizeste no teu discurso. O único defeito é a tua altura, mas passas à próxima fase.
LCB: Não me perguntes porquê, mas eu acho-te um miserável. Já vi cães com mais categoria do que tu. Deves ser parvo, para estar aqui. Eu tinha vergonha!
CR: Eu também gostei deste. É querido. Só acho que fatos beijes e camisas azuis com colarinhos e punho brancos, não se usam desde o tempo do Mário Soares... E eu detesto gente "out".

3º Concorrente

CR: Oh fofo! Diz-me o teu nome!
Concorrente: Carlos Castro.
LCB: Posso-te perguntar porque é que escolheste o teu homólogo para Primeira-Dama?
Concorrente: Ai que horror, onde é que eu estava com a cabeça? Acho que estou nervosa!
CR: Eu gostei muito de ti. És muito agradável e conversador e isso é bom. Vestes bem e és muito expressivo. Falas muito com as mãos. És até agora o meu preferido!
RE: Devo dizer-lhe que achei de muito mau gosto dançar durante um discurso à nação e a ideia do eye-liner num chefe de estado, não me agrada.
Concorrente: Era uma homenagem à grande Maria de Lurdes Pintassilgo...Adoro-a!
MST: Pois é, banhas! Mas isto não é um concurso de imitações. Põe-te a abrir antes que te parta a cara!

Criativamente,
O Criador

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