sexta-feira, janeiro 16, 2004
Castro e a geração da pipoca.
Tão eloquente Teixeira foi, na sua aprimorada escritura, que a mim logo me infectou a chispa assim que encandeado fui com sua ofuscante obra. Por isso vos hoje garatujo de jeito um tanto oblíquo. Castro viveu ontem de novo, diante de meus olhos varados, no corpo gracioso e pose briosa de Micaela Cardoso. Tão bem estes moços souberam à luz do proscénio trazer, obra grande e primorosa, que creio nem tão bela ter sido a vera e primeiríssima hora em que tão cruel episódio sucedeu.
A criaturas estas, de inspiração tão enormes e de talento tão generosas, deixo aqui narrado o meu espanto por tão admirável tarefa e apresento meu despretensioso e sincero tributo.
Hão-os no entanto menos bem-nascidos, capazes de encardir tal proeza. Falo dos que por aí arrastam sua peçonhenta existência, embriagados por puerícia caduca, que teimam não enjeitar. Moços e moças da fila M, que de vontade própria descalços e ao saber impermeáveis, tomam como seus os maus jeitos de outros povos de outros mares, não sabendo da lusitana aurora sorver os últimos raios. Reféns do milho frito, ou do açúcar caramelizado, turvam a solene paz do teatro com gritos surdos de saquinhos de celofane. Como ousais vós, criaturas indignas da idealidade de vossos antepassados, galhofar e zombetear perante pranto verdadeiro de actriz a quem apenas se pediu o fingimento? Como ousais vós desaperfeiçoar o mágico momento de deleite que eu vivia fronte a tão prendado elenco, com o rugir de ursos de goma?
Sois vós os besuntados filhos da Geração da Pipoca!!! Pois que sobre vós se abata desdita como a de Castro. Que direitos a vós galopem os cascos frios e duros de montadas negras, que em seus dorsos tragam o castigo derradeiro, que logram aqueles que ao saber e ao sentir há muito aferrolharam os olhos.
Que as finas mas tesas espadas da erudição, a cada dia vos trespassem nas arenas do quotidiano. Dor aguda que sentireis, mas de que jamais sereis entendedores.
Eruditamente,
O Criador
Postas-[ postas.]
Tão eloquente Teixeira foi, na sua aprimorada escritura, que a mim logo me infectou a chispa assim que encandeado fui com sua ofuscante obra. Por isso vos hoje garatujo de jeito um tanto oblíquo. Castro viveu ontem de novo, diante de meus olhos varados, no corpo gracioso e pose briosa de Micaela Cardoso. Tão bem estes moços souberam à luz do proscénio trazer, obra grande e primorosa, que creio nem tão bela ter sido a vera e primeiríssima hora em que tão cruel episódio sucedeu.
A criaturas estas, de inspiração tão enormes e de talento tão generosas, deixo aqui narrado o meu espanto por tão admirável tarefa e apresento meu despretensioso e sincero tributo.
Hão-os no entanto menos bem-nascidos, capazes de encardir tal proeza. Falo dos que por aí arrastam sua peçonhenta existência, embriagados por puerícia caduca, que teimam não enjeitar. Moços e moças da fila M, que de vontade própria descalços e ao saber impermeáveis, tomam como seus os maus jeitos de outros povos de outros mares, não sabendo da lusitana aurora sorver os últimos raios. Reféns do milho frito, ou do açúcar caramelizado, turvam a solene paz do teatro com gritos surdos de saquinhos de celofane. Como ousais vós, criaturas indignas da idealidade de vossos antepassados, galhofar e zombetear perante pranto verdadeiro de actriz a quem apenas se pediu o fingimento? Como ousais vós desaperfeiçoar o mágico momento de deleite que eu vivia fronte a tão prendado elenco, com o rugir de ursos de goma?
Sois vós os besuntados filhos da Geração da Pipoca!!! Pois que sobre vós se abata desdita como a de Castro. Que direitos a vós galopem os cascos frios e duros de montadas negras, que em seus dorsos tragam o castigo derradeiro, que logram aqueles que ao saber e ao sentir há muito aferrolharam os olhos.
Que as finas mas tesas espadas da erudição, a cada dia vos trespassem nas arenas do quotidiano. Dor aguda que sentireis, mas de que jamais sereis entendedores.
Eruditamente,
O Criador
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